OS HERÓIS DA ERA NOVA
Programada
a vinda de Jesus-Cristo à Terra, as Coortes espirituais apresentaram-se
espontaneamente para contribuir da melhor maneira possível em favor do
messianato divino
Na
política, na arte, na filosofia, tomaram o corpo físico Espíritos
nobres que deveriam desempenhar papel de relevância, a fim de que a
doutrina do amor encontrasse ressonância na sociedade sedenta de
alucinações e prazeres.
O
Império Romano ainda se encontrava em plena glória, a grandeza das
conquistas e o Fausto deslumbrante dominavam quase toda a Terra
conhecida, demonstrando o poder da força das legiões e da habilidade do
governo central.
As
antes famosas cidades gregas, ora em declínio, contribuíam com filhos
ilustres para a grandeza de Roma, na condição de pedagogos, médicos e
servidores, embora ainda ostentassem as magníficas edificações do
passado e sua cultura permanecesse esplendorosa, apesar da ausência dos
grandes filósofos de outrora.
Éfeso
erguia-se suntuosa, derramando-se próxima das águas azuis-turquesa do
Egeu, em pleno Fausto da Jônia, na Anatólia, visitada pelos romanos
ilustres e outros povos que vinham negociar habilmente e distrair-se nos
seus banhos e teatros espetaculares…
Ali
encontrava-se o famoso templo de Ártemis, a deusa da abundância –
anteriormente Cibele e mais tarde Diana, a caçadora – uma das sete
maravilhas do mundo antigo. As grandiosas colunas que o ornavam,
produziam deslumbramento nos visitantes e podiam ser notadas desde o
mar, a quase cinco quilômetros de distância….
Destruído
e reconstruído várias vezes, incendiado por um louco, os seus escombros
denotam, ainda hoje, a audácia e a beleza dos seus construtores,
inclusive Praxíteles e Escopas, dois dos mais famosos do mundo que o
enriqueceram com estátuas extraordinárias e perfeitas. A deusa era
elaborada em mármore polido e ornada de ouro, apresentando as
características da exuberância…
Por
Éfeso passaram filósofos, que lá viveram e legaram à humanidade páginas
de inconfundível beleza, quais foram Heráclito (de Éfeso) e Tales de
Mileto…
Situada em um ponto importante, que liga o Oriente ao Ocidente, era um local de cruzamento entre Mileto e a Jônia.
A
cidade, envolvente e tumultuada, nas terras de Esmirna, repousava desde
então em verdejante vale cercado de montanhas altaneiras e protetoras,
proporcionando-lhe temperaturas agradáveis, embora úmidas, nas
diferentes épocas do ano.
Suas
festividades em abril chegavam a atrair um milhão de pessoas, embora
fosse habitada por umas duzentas e cinqüenta mil, que vinham das
redondezas, assim como de distantes terras, quais Jerusalém e Atenas…
Foi
embelezada por atenienses, espartanos, romanos e conquistadores
diversos, entre os quais o rei Creso da Lídia, egípcios, persas,
Alexandre Magno da Macedônia, vencida e ressuscitada por turcos,
bizantinos, otomanos, havendo exercido, no seu esplendor, uma grande
importância para o Cristianismo nascente, com quase dois mil anos desde
quando fundada, antes que os jônios a dominassem no século XI a.C.
Durante
o cruel reinado de Cláudio, que expulsou os judeus de Roma, Paulo, que
se encontrava em Atenas, desceu na direção de Jerusalém, passando por
Corinto, onde se fez acompanhar pelos amigos queridos Áquila e Prisca,
visitando outras cidades e chegando a Éfeso, ali apresentando a sua
primeira exposição sobre Jesus, na sinagoga local.
Depois,
embora solicitado para que ficasse por mais tempo, prometeu retornar,
dali seguindo a Cesaréia, de onde rumou a Jerusalém…
Nesse
ínterim, um erudito judeu chamado Apolo, natural de Alexandria, trouxe o
verbo inflamado a Éfeso iluminando as consciências que se lhe
acercavam, dando-lhes conhecimento da mensagem de Jesus.
A
cidade-capital foi beneficiada pelo apostolado de Paulo, que ali viveu
por vários anos e, posteriormente, por João, que iniciou, nas suas
terras, a escrita das suas memórias, que passou à posteridade como o seu
Evangelho, tendo erguido sua residência num dos montes periféricos da
cidade, onde, mais tarde, passou a residir, até a sua desencarnação, a
Mãe Santíssima da Humanidade.
A
casinha de pedras foi erguida nos arredores da cidade, em uma encosta, a
350 metros acima do nível do mar entre oliveiras e verdejante relva,
mas de onde se podia vê-lo…
Os
enfrentamentos entre os pensadores gregos, efésios e outros, aferrados
aos deuses ancestrais do seu panteão, e os ministros do Evangelho
nascente fizeram-se formosos dialeticamente e agressivos emocionalmente.
Ao
mesmo tempo, o farisaísmo, que predominava nas sinagogas erguidas em
toda parte onde viviam os judeus, sempre se levantava com ferocidade
para combater Jesus e naturalmente aqueles que se Lhe fizeram
mensageiros, conduzindo ao cárcere, muitas vezes, esses notáveis
Espíritos que jamais desfaleciam nas refregas ou temiam qualquer tipo de
hostilidade.
Paulo
de Tarso, que ali esteve por diversas vezes, demonstrou com eloqüência
incomum a grandeza da palavra do Crucificado nazareno sensibilizando os
ouvintes que se multiplicavam, dando início à construção das primeiras
células de discípulos cristãos, conforme os denominara Lucas...
Numa
dessas ocasiões, no auge do entusiasmo, o apóstolo dos gentios declarou
que Jesus se encontrava acima de todos os deuses, naturalmente
incluindo Ártemis, que era fonte de renda para a cidade e para artesãos,
funcionários, sacerdotes e exploradores em geral…
Um
joalheiro famoso de nome Demétrio, que produzia miniaturas de prata da
deusa, tomando conhecimento de que os deuses fabricados pelos humanos
não eram sagrados, conforme Paulo proclamara, receou que a deusa
perdesse o prestígio e, por conseqüência, ele e os demais artesãos
ficassem seriamente prejudicados, deu início a um movimento que atraiu
tanta gente ao grande Teatro, gritando Ártemis de Éfeso é grande,
recitando orações e homenagens, que o ato redundou num pleito, quando as
autoridades, por fim, convidaram o apóstolo a abandonar a cidade…
Logo depois, João deu início ali ao seu ministério de amor, atraindo verdadeiras multidões que o ouviam fascinadas.
Ele
e Paulo tornaram-se os ministros do reino de Deus, enfrentando as vãs
filosofias e apresentando a incomparável mensagem do amor do Mestre,
atitudes essas que os levaram ao testemunho por diversas vezes, sem os
abater ou os atemorizar.
A
coragem desses heróis da Era Nova constitui um dos grandes e
fascinantes estímulos para todos quantos desejam servir ao Bem,
porquanto nada havia que os intimidasse ou lhes diminuísse o entusiasmo
no trabalho a que se entregavam.
Humilhações,
suplícios, cárcere e morte não lhes constituíam impedimento à
divulgação da Verdade, tão impregnados se encontravam da certeza da
imortalidade do Espírito, que as suas vidas ainda hoje constituem
modelos de abnegação e de sacrifício comovedores.
Foram
eles e muitos outros que se olvidaram de si mesmos para permitirem que
Jesus prosseguisse arrebanhando as multidões, que a Mensagem de Luz
chegou aos dias modernos, embora as alterações que sofreu, conservando,
no entanto, a sua pulcritude nos conteúdos insuperáveis do amor, da
compaixão, da humildade, do perdão, da caridade e da sobrevivência
espiritual, ainda conduzindo milhões de vidas na direção do Mestre
Insuperado.
Nenhuma
edificação do Bem alcança a sua gloriosa destinação dispensando os
heróis da abnegação e da renúncia. Incompreendidos, no início, suportam
as dificuldades mais sérias confiantes no resultado dos esforços,
vencendo as intempéries de todo tipo e os enfrentamentos mais covardes e
rudes, traiçoeiros e ignóbeis, firmes na decisão, até o momento em que o
triunfo do ideal os aureola com o martírio demorado…
O
Cristianismo é a saga de homens e mulheres admiráveis que, fascinados
por Jesus, tudo abandonaram para melhor O servirem, vencendo distâncias
imensas sob o Sol inclemente e as chuvas torrenciais, dominados pela
presença d’Aquele que nunca os abandonou, conforme lhes houvera
prometido.
Sucederam-se
os séculos, e, periodicamente, eles retornaram às grandes Éfesos
terrestres, sacudindo a comodidade e revolucionando as idéias, firmes no
convite à transformação moral e ao amor em plenitude, pagando o alto
preço da audácia da fé que não se mancomuna com os interesses sórdidos
dos comensais da ilusão.
Com
o advento do Espiritismo, trazendo Jesus e Sua mensagem de volta, os
desafios fizeram-se inadiáveis e, desde os dias de Allan Kardec,
Espíritos portadores de grande vigor moral tomaram a indumentária carnal
para levarem a Nova Revelação à humanidade distraída e desinteressada
do reino de Deus…
Pagando
altos preços de incompreensões e calúnias perversas, de competições
desastrosas e perseguições doentias, ei-los seguindo altaneiros com os
sentimentos colocados no Mestre de amor, superando-se a si mesmos e
pondo marcos definidores dos tempos, a fim de que aqueles que virão
depois deles dêem prosseguimento ao programa de libertação e de
felicidade.
Eles
sabem que são os desbravadores, os audazes desmatadores da ignorância e
que o seu ministério é o de quebrar os tabus, vencer as hostilidades,
suportar o peso das injunções penosas, facilitando a tarefa dos
porvindouros apóstolos do Bem.
Incansáveis,
prosseguem, anônimos uns, conhecidos outros, todos porém unidos na
Causa comum da Doutrina Espírita, de forma a torná-la conhecida pelas
suas palavras lúcidas e sábias, respeitada pelos seus atos desataviados e
transparentes, pela sua coragem de não revidar o mal com outro mal, uma
com outra calúnia, não se permitindo transformar em inimigo de outrem,
mesmo que esse lhe seja inimigo, felizes e certos da vitória final.
Esses
heróis que se consomem, na condição de combustível do lume que derrama
claridade por onde passam, encontram-se sob o amparo do seu Senhor,
conforme Paulo, João evangelista, Barnabé, Pedro, Tiago… e todos os
pioneiros da nascente doutrina de Jesus que modificou a história da
sociedade, preparando o campo de lutas para este momento de ciência, de
tecnologia, de conhecimentos filosóficos e éticos, de arte e beleza, de
telecomunicações e convivência virtual, quando o Espiritismo implantará
na Terra, com os seus paradigmas grandiosos, a sociedade feliz e livre
da ignorância para sempre.
Vianna de Carvalho
Página
psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, no dia 22 de maio de
2007, quando de sua visita a Éfeso (Esmirna), Turquia.
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