Como lidar com as Emoções
Posted: 13 May 2015 12:33 PM PDT
Antes
que possamos estender nossa compaixão aos outros, temos que primeiro
estendê-la a nós mesmos. Como fazemos isso ? Temos que olhar para a
nossa mente e reconhecer como as nossas expressões neuróticas – os
nossos pensamentos confusos e emoções perturbadoras – estão na verdade,
ajudando-nos a acordar. A nossa agressão pode ajudar-nos a desenvolver
clareza e paciência. A nossa paixão pode nos ajudar a abandonar apegos e
ser mais generosos. Basicamente, uma vez que reconhecemos que essa
mesma mente é a mente da compaixão e do despertar,
podemos valorizá-la e assim, confiar em nossa capacidade de trabalhar
com ela. Ela é, no fim das contas, uma boa mente, uma mente que nos
levará à iluminação. Quando compreendemos isso, começamos a abandonar a
nossa atitude anterior, de repulsa às nossas emoções.
De
início, consideramos as nossas emoções como algo negativo, algo a
superar; precisamos de nos acalmar, diminuir a temperatura. Agora,
reconhecemos como a própria energia das emoções ativa a nossa
inteligência e nos encoraja a acordar, de forma que podemos apreciar de
que maneira elas nos ajudam a ver mais claramente.Começamos a entender o
que elas nos têm dito esse tempo todo. Estivemos sentados, ouvindo a
mente, deixando-a falar, conhecendo essa desconhecida e agora a conversa
está em outro nível. Não somente ouvimos as palavras da nossa amiga,
mas também sentimos o calor ou a frieza de sua temperatura emocional.
Através da conexão e confiança que cultivamos, alcançamos uma troca mais
íntima e profunda.
A
raiva não é só estar bravo com relação a algo. A paixão não é só o
desejo de ter algo. Não são apenas padrões habituais ou estados
aflitivos da mente. Há nelas uma grande ânsia por clareza, uma ânsia por
conexão genuína, um desejo por liberdade. Em vez de serem “inimigas”,
as emoções são, na verdade, a face do Buda rebelde. Ainda não encaramos a
sua face, ainda não sabemos como ele é, quando caminha pelo mundo. Até
agora, o Buda rebelde foi o fio da espada de nossa inteligência.
Finalmente, vemos que ele é também a gentileza do nosso coração.É tão
suave que nunca se quebra completamente, o que significa que também é
forte. De certo modo, as nossas emoções e pensamentos confusos estão, o
tempo todo, armando a sua própria revolução da mente. Estão resistindo
ao nosso tratamento injusto e repressivo. Estão dizendo: “Não congele a
minha energia. Não me cubra de rótulos. Não tente me melhorar. Seja um
pouco mais corajoso. Reconheça-me e aceite-me como sou. Você pode se
surpreender.”
Dogchen Ponlop Rinpoche, “O Buda Rebelde – Na rota da liberdade”
Fonte: http://portaldobudismo.org/
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